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TransFemina

Quanto espaço, físico e simbólico, ocupam as mulheres nas cidades? TransFemina: Intersectional Landscapes propõe a criação de espaços de reflexão, discussão e ação coletiva sobre a invisibilidade das narrativas feministas no património cultural e as desigualdades no espaço público em 3 cidades: Porto, Barcelona e Modena, através de um processo de coprodução de intervenções artísticas site-specific.


O projeto TransFemina pretende contribuir ativamente para a promoção da coesão e inclusão social, envolvendo grupos normalmente sub-representados (mulheres, pessoas não-binárias, outras identidades e estatutos) em espaços de participação e tomada de decisão, numa perspetiva interseccional que convoca diferentes colectivos, artistas, ativistas, investigadores, urbanistas e/ou pessoas com poder de decisão política. O projeto tem na sua base a ação artística participativa em espaços públicos, envolvendo as comunidades locais das três cidades parceiras no processo de cocriação de intervenções artísticas, passeios sonoros e investigações sobre o quotidiano urbano através de uma lente feminista e interseccional

TransFemina: Intersectional Landscapes é um projeto financiado pela Europa Criativa e uma colaboração entre três coletivos feministas de artistas, ativistas e investigadores: PELE - Associação Social e Cultural, do Porto, Portugal; Collettivo Amigdala, de Modena, Itália; e Col-lectiu Punt 6, de Barcelona, Espanha.

Website Transfemina
Instagram Transfemina

Laboratório Local Porto

Desde setembro de 2024, o Laboratório Local do Porto reuniu participantes dos 25 aos 80 anos, vindos de Portugal, Brasil, Itália e França, que mapearam os seus “percursos diários”: registos reais, emocionais e imaginários do que viram, ouviram, sentiram e transportaram na cidade, bem como do que permaneceu invisível ou inaudível. Ao longo das sessões, estes materiais foram explorados, questionando-se como os corpos ocuparam o espaço público através da presença, do movimento, do cuidado e da ruptura, experimentando a vulnerabilidade e a empatia como forças poéticas e transformadoras das relações humanas e mais-do-que-humanas.

Encontro TransNacional Porto

Nos dias 19 e 20 de março de 2025, este trabalho ganhou dimensão pública com o 2.º Encontro Transnacional no Porto, que reuniu 121 propostas selecionadas a partir da Open Call “How to Feminize your City?”. O encontro, organizado pelo consórcio PELE, Collettivo Amigdala e Col·lectiu Punt 6, constituiu um espaço de partilha e reflexão sobre formas de promover cidades mais feministas, justas e inclusivas, através de conversas, oficinas, instalações e percursos exploratórios. As obras apresentadas — como “From where a name becomes memory”, de Paola Espinoza, “Si las paredes hablasen”, de Paula Sitka, ou o documentário “Vozes Silenciadas” — abordaram temas de violência, memória, resistência e envelhecimento em contextos urbanos marcados pela desigualdade e gentrificação. Oficinas como “Mijavelhas às Fontaínhas”, “FEMonumental Transformance” e “Quebrando as Barreiras com Parkour” desafiaram formas de habitar e de reivindicar o espaço público através do movimento e da criação coletiva.
O Encontro TransNacional do Porto contou com o apoio do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto, da Junta de Freguesia do Bonfim e do coletivo pedreira.

Percurso Sonoro Performativo “Cartografias dos Caminhos Diários”

Deste processo emergiu também um percurso sonoro, “Cartografias dos Caminhos Diários”, uma experiência sonora imersiva desenvolvida na Estação de Campanhã em junho de 2025, resultante das investigações do laboratório local. A criação pretendeu ativar uma escuta ativa e crítica dos caminhos diários, questionando a forma como o corpo feminino se desloca, mostra e interage com o outro na e com a cidade . Este percurso sonoro, produzido pela PELE, contou com o apoio da Infraestruturas de Portugal, a STCP – Serviços e a Junta de Freguesia do Bonfim. 

Ao longo de todas estas ações — intervenções artísticas, encontros internacionais, oficinas abertas e percursos performativos — as pessoas participantes integraram um processo de reapropriação e ressignificação do espaço público, promoveram o direito à cidade e contribuíram para abrir caminhos de transformação simbólica e tangível da vida urbana.

Ficha Artística

Coordenação: Sara Jorge
Direção Artística: Maria João Mota
Criação Coletiva: Carla Lourenço, Cristina Duque, Franciene Glória, Irene Monteiro, Isaura Morais, Jacqueline Rezende, Jaqueline Lodi, Mafalda Aires, Mafalda Lourenço, Maria João Mota, Marie Elise Chocroun, Rita Costa, Uxía Hermida.
Criação Sonora: Inês Lapa
Fotografia: Paulo Pimenta e Carolina Ribeiro
Vídeo: Carolina Ribeiro
Ativação e Criação Poética: Marta Bernardes
Observação Crítica e autoria do poema “Sou Bicho”: Vanessa Marcos
Participação Especial Percurso Sonoro: Andrea Freire, Atija Assane, Bianca Carvalho, Lígia Ferro, Manuela Cardoso, Margarita Dontova, Núria Barros, Rapha Gomes, Sara Larrabure.
Design: Sérgio Couto
Mistura de Som: Tiago Candal
Direção de Produção: Carina Moutinho
Produção Executiva: Tiago Silva e João Soares
Apoio à Produção: Fernando Almeida
Comunicação: Sara Cunha e Carolina Bravo

Apoios e Parcerias: Junta de Freguesia do Bonfim, IP - Infraestruturas de Portugal, STCP - Serviços, Metro do Porto, Pedreira
Financiamento: Europa Criativa, República Portuguesa - Cultura | Direção Geral das Artes

Agradecimentos: A todas as pessoas que integraram o Laboratório e o projeto ao longo dos meses, e que deixaram a sua marca nesta cartografia coletiva. Sem elas, sem todas, não teríamos chegado aqui. 

INSTITUIÇÕES PARCEIRAS TRANSFEMINA

Col·lectiu Punt 6

Uma cooperativa sem fins lucrativos de planeamento urbano e arquitetura com mais de 17 anos de experiência local, nacional e internacional. Trabalham a partir de uma perspetiva feminista interseccional através da participação e ação comunitária. Estão empenhadas em repensar os espaços domésticos, comunitários e públicos a partir de uma perspetiva feminista, com mais de 400 projetos realizados em diferentes esferas. A Col·lectiu Punt 6 desenvolve as suas próprias metodologias que são adaptadas ao contexto e às pessoas com quem trabalham. Trabalham também em investigação, ensino e formação, tanto para a administração pública como para organizações sem fins lucrativos. 

Collettivo Amigdala

O trabalho do Amigdala ativa diferentes níveis: criações artísticas originais, história pública e antropologia, educação para a cidadania ativa e cruzamentos urbanos. O coletivo realiza produções artísticas multidisciplinares, com uma vocação definida para metodologias de criação site-specific e community-specific. As produções do Amigdala assumem a forma de performances, projetos de arte pública, instalações, paisagens sonoras e têm sempre uma forte ligação ao local que as acolhe. Estas obras são apresentadas em Itália e no estrangeiro em festivais, revistas e iniciativas culturais. O festival Periferico é um dos seus principais projetos e é dedicado às ligações entre as artes performativas, as comunidades locais e o tecido urbano.

PELE

A PELE é um coletivo que desenvolve projetos de criação artística enquanto espaços de reflexão, ação e participação cívica e política, potenciando processos de transformação individual e coletiva.
Desde 2007 procura que a sua atuação se mantenha alinhada com as urgências dos territórios e das comunidades, privilegiando a acessibilidade e a participação artística em múltiplas centralidades. Através do cruzamento de públicos, sectores, linguagens artísticas, territórios e parceiros, gera espaços de tomada de decisão horizontais e modelos alternativos de criação coletiva.